Maia no centro da saúde

Depois de Matosinhos, o Grupo Trofa Saúde abre na Maia o primeiro hospital, que é também o primeiro no concelho. Apresentado em Outubro de 2009 como “uma inovação em saúde”, começa a funcionar na segunda-feira no edifício do pólo de serviços, junto ao Fórum da Maia,. São 2000 metros quadrados, distribuídos por dois pisos, onde será praticada “A terapia do bom atendimento”, em regime de ambulatório. O atendimento permanente será apenas diurno, entre as 8h00 e as 23h00.

É este o lema do grupo para a nova unidade, a cerca de oito quilómetros do Hospital Privado da Boa Nova, em Perafita, que fez na quarta-feira dois anos de funcionamento e onde são também atendidos doentes da Maia. Sendo esta “uma área populacional grande, com alguma capacidade económica”, reconhece o director clínico, José Amarante, o grupo apostou na resposta directa às necessidades de saúde, ao instalar este “hospital de proximidade” e assim “dinamizar a Maia do ponto de vista social”. Trata-se também de “facilitar o acesso à saúde privada, sem grandes deslocações, sobretudo de pessoas idosas, que têm dificuldades em deslocar-se para a Boa Nova, que não tem transportes públicos em condições”.

Não é o caso da Maia. O hospital de dia está mesmo na zona central da cidade e tem uma estação de metro quase à porta. Aliás, um meio de transporte que deverá ajudar o grupo a captar outros públicos, nomeadamente de outros concelhos do Grande Porto e das zonas da Póvoa de Varzim e Vila do Conde. A intenção, resume José Amarante, “é que a Maia fique no centro da saúde no Grande Porto”.

Seguindo a tendência mundial de aposta no ambulatório, não haverá internamento neste novo hospital, onde serão apenas realizadas consultas, exames e pequenos actos cirúrgicos que permitam ao doente regressar no mesmo dia a casa.

Ainda assim, a oferta do Hospital de Dia da Maia será alargada. Ao todo, oferece cerca de 40 especialidades, nas áreas da medicina geral e familiar e da pediatria, ou seja, “praticamente as especialidades todas” .

Além das especialidades médicas, o novo hospital oferece a possibilidade de realizar os meios complementares de diagnóstico – análises clínicas e imagiologia – no mesmo espaço físico. Aqui ficarão concentrados os serviços já oferecidos pelo Grupo Trofa Saúde na Clínica da Maia – até agora a funcionar na Avenida Visconde Barreiros – e na Esfera Saúde – com dois espaços distintos na Rua Augusto Simões. Nos dois casos, são espaços para encerrar aquando da abertura do hospital. A Clínica da Maia, tudo indica que já esta segunda-feira. No caso da Esfera Saúde, a deslocalização deve demorar um pouco mais, tendo em conta os requisitos que a empresa está obrigada a cumprir, nomeadamente ao nível do licenciamento da radiologia.

Para o funcionamento deste novo hospital, o grupo oferece diversos acordos e convenções – seja na área dos seguros de saúde, sinistros ou subsistemas de saúde – admitindo o director clínico que não há grandes restrições na população-alvo, uma vez que, “hoje, mais de 20 por cento da população tem já subsistemas de saúde”. Aproveitando essas facilidades, encontrará no Hospital de Dia da Maia um complemento do Serviço Nacional de Saúde, “aliviando, de certa forma, a pressão do sector público”.

Espaço funcional

Ocupando parte de um edifício cuja construção estava praticamente em bruto, a arquitectura do Hospital de Dia da Maia teve como ponto central a funcionalidade. Os consultórios onde irão decorrer as consultas dispõem de ligações directas com as salas de tratamentos, permitindo ao médico acompanhar com maior facilidade e até continuar as consultas enquanto o pessoal da enfermagem faz os tratamentos.

Até a distribuição das especialidades pelos dois pisos foi cuidadosamente pensada e em articulação com os médicos e necessidades de cada uma das áreas. Exemplo disso são os espaços dedicados à dermatologia, com janelas bem grandes que asseguram a entrada de luz directa para um mais eficaz diagnóstico.

Sobre o investimento neste Hospital de Dia da Maia, feito apesar do momento de crise económica, não foram divulgados valores. José Amarante prefere destacar o contributo para a criação de emprego, já que o funcionamento da unidade será assegurado por uma equipa de aproximadamente 250 pessoas.

A facturação, deverá rondar os cem mil euros, por mês, a atingir “com alguma rapidez”. Acredita o director clínico que “a permanência de médico de família das 8h00 às 23h00, ou a pediatria” deverão ser o garante da procura da nova unidade, mesmo que a conjuntura económica também possa reflectir-se no acesso aos cuidados de saúde privados.

Marta Costa